O solo tremeu e as pernas bambearam. Caiu em um vulto passando diante de seus olhos. O chão espichou-se para cima, desenhando montanhas afiadas e íngremes. Sentiu-se na ponta dos dedos de um gigante preguiçoso. No início, perdeu o rumo, achou que ali findaria a jornada. Protegeu a cabeça das rochas que choviam do além. Houve trovões, trovoadas, furacões e tempestades de areia rabiscando ferimentos invisíveis na pele branca e lisa. A velha triste passou perto, piscou para ele. Segurava a foice à direita, e, na esquerda, suspendia o corpo de um velho ranzinza, perdoado e salvo por aquela criança. Nada mais existia além de alucinações causadas pela poeira cinza. No cume deste monstro disforme, hesitou em buscar abrigo, convicto de que qualquer esconderijo desabaria. De repente, no meio da trovoada, o solo rachou e ruiu como parecia sempre fazer.